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          Em setembro de 2017 d.C., o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da Justiça Federal do Distrito Federal, liberou “psicólogos” para tratar gays e lésbicas como doentes e realizar terapias de “reversão sexual” sem sofrerem qualquer tipo de censura por parte dos conselhos da classe. A decisão de Carvalho é uma liminar e acata parcialmente o pedido de uma ação popular. O Conselho Federal de Psicologia disse que vai recorrer.

 

         Sim, é isso mesmo que você leu. O pedido é de uma ação popular! Uma das autoras da ação é psicóloga Rozângela Alves Justino, que oferecia terapia para que gays e lésbicas deixassem de ser homossexuais. Em 2009, Rozângela foi punida pela prática. Esta ação foi assinada por um grupo de psicólogos defensores das terapias de reversão sexual, mais conhecida como “cura gay”. Este tipo de tratamento é proibido graças a resolução 01/1999, do Conselho Federal Psicologia, que estabelece as normas de condutas dos psicólogos no tratamento de questões envolvendo orientação sexual. De acordo com a organização, ela trouxe impactos positivos no enfrentamento a preconceitos e proteção de direitos da população homossexual no país, “que apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia”.

 

     Para o Conselho, essas terapias representam “uma violação dos direitos humanos e não têm qualquer embasamento científico”. Desde 1990, a homossexualidade deixou de ser considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

       De acordo com o conselho, a resolução não impõe limites à liberdade dos profissionais e nem de pesquisas na área. “O que está em jogo é o enfraquecimento da Resolução 01/99 pela disputa de sua interpretação, já que até agora outras tentativas de sustar a norma, inclusive por meio de lei federal, não obtiveram sucesso", afirma o conselho.

 

        "O Judiciário se equivoca, neste caso, ao desconsiderar a diretriz ética que embasa a resolução, que é reconhecer como legítimas as orientações sexuais não heteronormativas, sem as criminalizar ou patologizar. A decisão do juiz, valendo-se dos manuais psiquiátricos, reintroduz a perspectiva patologizante, ferindo o cerne da Resolução 01/99.”

 

        Diversos artistas como Ivete Sangalo, Vera Hotz, Chico Buarque de Hollanda, Marilia Mendonça e Gretchen se manifestaram contra a decisão da Justiça Federal do DF em suas redes sociais. A cantora Pabllo Vittar resumiu sua posição contrária em “Não somos doentes”. Gretchen postou uma foto do filho Thammy Miranda para fazer seu protesto. "Eu não tenho um filho doente. Meu filho é perfeito, saudável e cheio de amor".

 

          A que ponto chegamos, não é mesmo?

 

       O Brasil está em declive com a forte onda conservadorismo crescente no país. Na era de ascensão do “mito”, o extremismo ganha força, junto com o forte preconceito com as minorias. Como lutar com o preconceito, se o conservadorismo não quer diálogo? As respostas como “chora mais” chegam a doer. Amar é errado? A verdadeira doença não está na orientação sexual, mas sim no preconceito.

Não somos doentes

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