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Intolerância Religiosa no Brasil

            Tema do Enem de 2016, o assunto voltou a ser discutido nos últimos dias com bastante intensidade com o aumento de casos de intolerância religiosa no Brasil. No mês de setembro, traficantes de uma comunidade da Baixada Fluminense obrigaram religiosos quebrarem seus próprios templos e se retirarem da comunidade, com ameaça de morte caso voltasse para a região. Em entrevista concebida ao jornal Folha de São Paulo, a mãe de Santo Carmen de Oxum, conta que teve que destruir todo o seu terreiro ouvindo as represálias dos bandidos: "Olha aqui, meus amigos, o capeta-chefe tá aqui. Taca fogo em tudo, quebra tudo! Apaga as velas, porque o sangue de Jesus tem poder!". Os criminosos gravaram vídeos de toda a ação e espalharam nas redes sociais. Carmem também conta que o grupo que a expulsou da comunidade, teria ser convertido evangélico e estavam perseguindo religiões afro-brasileiras em seu território de controle.

            A análise dos dados oficiais do ministério dos direitos humanos aponta que os crimes de intolerância religiosa estão em ascensão no país. Os dados mostram que 15 casos foram denunciados pelo Disque Denuncia em 2011, já no ano de 2015, foram registrados 252 casos e no ano passado saltou para 759. Ivanir dos Santos, presidente da Comissão de Combate à Intolerância no país, cobra que as autoridades públicas investiguem os casos e pede que a sociedade se manifeste contra estes casos. Em entrevista a Band News, ele não generaliza os agressores, mas tem certeza que são maus cristãos que estão por trás dessas agressões. Para Silmar Coelho, presidente do Conselho de Pastores do Rio de Janeiro, é preciso "separar o joio do trigo", pois "se é evangélico, não pode ser traficante, e vice-versa".

            Vocês devem estar achando que são só as religiões de matrizes africanas que sofrem com os casos de intolerância, mas a realidade é outra. Hoje, para os católicos, é comemorado o dia de Nossa Senhora Aparecida, considerada a Padroeira do Brasil. Alguns devem se recordar do caso do pastor de uma religião evangélica que chutou a imagem de forma intolerante e desrespeitosa com o símbolo católico.

            Em entrevista ao programa Caminhos da Reportagem da TV Brasil, o Antropólogo, Luiz Mott disse que não conhece religião que seja totalmente tolerante e fraternal com as demais.  Para ele todas as religiões tem a vaidade de se acharem as donas da verdade, com uma fé cega. Para o Pastor João Nunes, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, a intolerância religiosa se deve a algumas pessoas isoladamente com ideias fanáticas que acabam difamando as outras crenças sem o conhecimento, não representando os religiosos do país. A Monja Coen, da Comunidade Budista Zen do Brasil, considera que a “intolerância religiosa deve ser abolida e tratada antes que cresça como ervas daninha no jardim.”.

            Tudo começa com a ideia que “a minha religião é a verdadeira”, que o “meu Deus é melhor do que o seu”. Temos o direito de discordar com as religiões, com suas formas de pensar e tudo mais, porém temos o dever de respeitar todas as diferenças. Se todos os creem ou que expressam algum ato de fé, tivessem a consciência que todas as religiões se encontram na ideia de pregar o bem e lutar contra o ódio, teríamos um novo olhar e com toda a certeza, iriamos seguir com uma visão mais respeitosa e viveríamos com mais harmonia. Cazuza pedia “piedade pra essa gente careta e covarde”, Os Tribalistas dizem que “Que somos muitos, quando juntos somos um só”, já eu, quero pedir a cada um que leu este texto, que ame, que siga a sua religião, siga o seu caminho, respeite os outros, fazendo o bem e sem soltar aquele murmurinho “Tá amarrado” quando vir o outro de crença diferente na rua. Ame o próximo como a ti mesmo e ande com fé, porque dizem por ai que ela não costuma falhar.

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